“Adeus, princesa!”
Esguia, esbelta, foi assim que te conheci. Fugidia, arredia, assim te comecei a amar. Os teus olhos verdes, com lampejos dourados são rasgados, lindos, penetrantes, era impossível resistir-lhes!
Encontrava-me, num relaxe total, a apanhar banhos de sol quando pus os olhos em ti! Daí à paixão desmesurada, foi uma questão de horas… Instalaste-te, muito perto, com duas amigas com quem conversavas animadamente numa cumplicidade crescente. Olhávamo-nos de soslaio, mas logo desviavas o olhar … num querer disfarçado de não querer! A paixão aumentava dentro de mim, apetecia roçar a minha na tua face, denunciar a minha satisfação… Contudo, aguentei-me firme, a semi-cerrar os olhos e a observar-te através da ténue sombra dos meus olhos… As tuas amigas foram, tu quedaste-te… parecias estar receptiva ao sentimento arrebatador que já começara a sentir!
Imaginei-te a minha companheira por largos tempos. Iríamos passear os dois, correr de cabelos desgrenhados como duas crianças, caçar borboletas… Iríamos roçar na macieza um do outro, aspirar o odor inebriante que exalamos; deitarmo-nos no prado repleto de flores pululantes, pequeninas, a imaginar desenhos nas nuvens: “aquela parece um cavalo de corrida a competir…”, “e aquela, não te lembra um outro cavalo a galopar, com a crina a dançar ao vento?”, ainda: “aquela além lembra um regador pleno de água, a verter para a natureza”, “que linda esta, parece uma cama fofa para nela pularmos, pularmos … e desatar a rir que nem doidos!”. Como era divertido estar a teu lado, extasiado com o teu ser, a sentir uma paixão crescente e inevitável! Eras a minha princesa, de olhos verdes com lampejos dourados… olhos que fizeram despoletar a minha paixão! E a tua figura esguia, esbelta, a aumentar o meu sentir!
Quando me preparava para abordar-te, pois os nossos olhos pareciam não se querer apartar, surgiu, repentinamente, um outro macho, a transpirar insatisfação por todos os poros e, ainda por cima, a rezingar contigo… Ergueste-te veloz, mas uma das tuas pernas dianteiras escorregou. Tentaste agarrar-te ao muro bem alto. Acabaste por saltar agilmente, mas ficaste imóvel no chão, muito quieta… segundos talvez. E eu, fiquei cheiinho de medo por ti, pela tua espécie de queda aparatosa. Contudo, ergueste-te de novo e afastaste-te à velocidade da luz… Afinal, os gatos têm sete vidas… Adeus, princesa!