Forum dos alunos do Curso de Escrita Criativa do El Corte Inglés
Segunda-feira, 22 de Setembro de 2008
Viajem
Era escuro. Uma viela numa noite clara como a madrugada. Ele ficara ali, esticado no chão a curtir a pedrada. Estava completamente esgazeado, os arco-íris rodavam à sua volta e os octogramas eram seguidos pelos quadrados enviezados de diagonais à solta. Os corpos celestes faziam a sua dança infinita de mil cores abrindo vagas de coloração vertical e sorrindo ao gentil ser do espaço cósmico adiante. Os riscos cruzavam os azuis e os vermelhos faziam a sua aparição em mili-segundos de distância entre si. Zombando a alma abriu caminho a galope num garanhão rosa e apareceu num sorriso. Que beleza que ela tinha, era absolutamente estonteante observar tal. O seu corpo nú, os seus seios, a sua formosa pele ouvindo tudo como veludo. Uma vida aberta, sem rancores ou sacrifícios. Tudo era entendido. Tudo era consagrado. Tal era a senda do sentido que tudo aclarava. Uma lanterna acessa no conhecimento, uma promessa na escuridão. O farol relampejava sua verdade e alguém clamava lá adiante, os vagalhões faziam mossa no palanque vertical do concerto. Grande malha. Estonteante. Mirabolante. Ela soa tão bem. Soa e salta e brinca e ri. Solta a sua voz dentro de pontentes colunas que fazem soltar prisioneiros. Soltar. Sair. Liberdade. Recobro. Olá de volta. É tão bom poder voltar a casa, poder estar aqui nos teus braços mãe. Poder ouvir de novo a visão do guizado a descer da chaminé enquanto o pai anda lá fora a cortar o cheiro da relva fresca de manhã, os carrinhos de rolamentos a subirem a rua desalmadamente, o resumo, a revolta, de volta com tanta força, tanta força, tanta, corre corre Zé.
Corre Zé, corre.
Ya.