este pequeno texto é o resultado de um exercício de um curso de escrita criativa (não do el corte, mas anterior). a ideia foi agarrar em todos os textos realizados nesse curso e escrever algo que os reunisse. experimentem. é, no mínimo, bem curioso...
A Rita escreveu-me lá das Africas. Sempre casou com o Benjamim, que é fazendeiro e até a trata bem. Foi uma boda e tanto, com a aldeia toda a brindar aos noivos. Só que a Rita não bebe. E a Rita não ama o Benjamim. Percebe-se quando fala dele. Diz que já pensou em traí-lo, mas que isso seria o fim do mundo. Do mundo talvez não, mas o da Rita seria de certeza. Ainda por cima têm dois putos. A Rita lê-lhes o Principezinho. Aquele mesmo livro que levou na mala quando chegou da metrópole. Fugia de um amor que lhe mostrara a luz de Lisboa. De um homem de boina, que lhe destruíra os sonhos. Da caixa de comprimidos que afinal resolvera coisa nenhuma. Não, não era feliz. Mas também não era o contrário. Os dias passavam-lhe, sem sobressaltos, sem fantasias. Que o Benjamim era bom homem, repetia a Rita, frase sim frase não.